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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

NOITE DE PAZ

Norbert Lieth
A história do hino de Natal, “Noite de Paz”, demonstra como Deus age através dos fracos e oferece Seu Evangelho livremente para todas as pessoas.
O hino “Noite de Paz” também é conhecido como o “hino eterno”. Certamente não existe nenhum hino de Natal que seja mais conhecido do que este. No entanto, não há nenhum renomado autor ou compositor mencionado com ele, nem foi apresentado originalmente por algum cantor famoso, e mesmo assim ele conquistou o mundo todo. Hoje ele é cantado em todos os continentes e já foi traduzido para mais de 330 idiomas e dialetos. É quase impossível imaginar um Natal sem “Noite de Paz”!
O início de tudo foi o seguinte: o texto do hino foi composto já em 1816, pelo bispo auxiliar Joseph Mohr, em forma de poesia. No entanto, ela foi apresentada somente dois anos depois, em 24 de dezembro de 1818, na Igreja de São Nicolau, em Oberndorf, Salzburgo. É dito que o órgão da igreja estava sem condições de ser tocado. – Todavia, 24 de dezembro estava aí e era necessário encontrar uma solução. Assim, Joseph Mohr teria levado o seu texto ao professor da escola – Franz Gruber – com a solicitação de que ele compusesse uma melodia para dois solistas juntos com o coral e acompanhamento de violões. Ainda na mesma noite, Gruber trouxe sua simples composição, de modo que pôde ser apresentada na igreja, na noite de Natal, tendo sido muito aplaudida. Para esta mensagem de paz, originalmente formada por seis estrofes, Mohr fez o contracanto e acompanhou ao violão e Gruber cantou a pauta do barítono. Havia nascido um hino de Natal que, a partir daí, faria sua caminhada através do mundo para sensibilizar os corações de muitos.
Cerca de 1.800 anos antes, Jesus havia profetizado que o Seu Evangelho seria espalhado por todo o mundo. Para isso, até esse hino ajudou. Criado a partir de uma dificuldade, porém, dirigido pelo Espírito de Deus, esse hino alcançou fama mundial. A grandiosidade de Deus se torna visível nessa peça relativamente simples.
Certamente esse hino não teria sido aprovado no X Factor ou no The Voice, mas a Palavra de Deus diz: “Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas?” (Zc 4.10 – ACF). Ele pode transformar algo incerto em grandioso. A mensagem de paz e de salvação de Jesus Cristo encontra mil maneiras para alcançar os corações – tão grande é o amor de Deus pelo mundo!
A primeira estrofe fala da paz celestial.* Deus conhece a inquietação que marca cada pessoa. Quem ainda conhece essa verdadeira paz? Conheço um morador de uma cidade que, estando em férias nos montes da Suíça, manteve ligado o motor do carro durante toda a noite porque não conseguia suportar a paz, o silêncio. Quem nunca ficou inquieto quando seus pensamentos o lembraram de antigas injustiças? O pecado e a culpa nos tiraram a paz, o homem se tornou um fugitivo. Corre-se através do mundo e experimenta-se de tudo. Nossa alma, porém, permanece inquieta em nós até que consiga encontrar a paz em Deus. Foi por isso que Jesus nasceu: para nos trazer de volta aquilo que havíamos perdido. Jesus Cristo expressa isso da seguinte maneira: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês” (Mt 11.28).
Noite de paz! Noite santa!
Todos dormem. Só a vigiar
Está o santo casal.
Ao meigo bebê de cabelos ondulados,
Durma na paz celestial!
Durma na paz celestial!
A segunda estrofe demonstra como chegou a hora da salvação para nós, através do nascimento de Jesus. As palavras “a sua hora chegou!” normalmente soam para nós de uma maneira negativa e pensamos inevitavelmente no nosso fim, mas neste caso significa o início para uma nova vida. “Quem abre espaço para Jesus no centro de sua vida, que recebe o Natal em seu coração, logo constatará que não precisa renunciar a nada, mas recebe tudo” (Karl Rüdiger Durth).
Noite de paz! Noite santa!
Ó Filho de Deus. Quão lindo
O sorriso em Tua boca divina,
Trazendo-nos a hora da salvação.
Jesus, com Teu nascimento!
Jesus, com Teu nascimento!
Na terceira estrofe – baseando-nos no texto e numeração original – lemos, entre outros: “Noite de paz! Noite santa! Que trouxe salvação ao mundo [...]. Jesus, em forma humana”. A maior ação redentora de Deus, a salvação do mundo, teve um início muito pequeno com a encarnação do Filho de Deus.
Noite de paz! Noite santa!
Que trouxe salvação ao mundo,
Desde as alturas douradas do Céu
Deixando-nos ver a plenitude da graça.
Jesus, em forma humana!
Jesus, em forma humana!
Certa vez, havia um menino que, acompanhado de sua avó, estava admirando um presépio. Ele observou a estrebaria, os pastores, José e Maria, os animais e os magos do Oriente. Quando o garoto viu a minúscula figura de um bebê, que representava o Senhor Jesus, ele exclamou, admirado: “Vovó, olhe só como Deus é pequeno!” Haveria alguma maneira melhor para representar o ilimitado grandioso amor de Deus, do que pelo fato de que o Eterno, o Criador de todas as coisas, tornou-Se bem pequeno?
A quarta estrofe homenageia o amor de Deus dedicado a todos os povos: “Noite de paz! Noite santa! Onde hoje todo o poder do amor de Deus foi derramado. E, como irmão carinhoso, abraçou Jesus aos povos do mundo! Jesus, aos povos do mundo!”
Essa estrofe destaca aquilo que a Bíblia diz no Evangelho de João 3.16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Cada pessoa desse mundo é alvo do amor de Deus –você também!
Noite de paz! Noite santa!
Onde hoje todo o poder
Do amor de Deus foi derramado.
E, como irmão carinhoso, abraçou
Jesus aos povos do mundo!
Jesus, aos povos do mundo!
O soldado Nico Ossemann, que participou da campanha da África durante a Segunda Guerra Mundial, relatou sobre um fato especialmente interessante ocorrido no front, em 1942:
“Entre Natal e Ano Novo, a situação estava bastante calma em nossa área do front. Parecia que os dois arraiais haviam combinado um cessar-fogo para homenagear a grande festa. Por volta da meia-noite, ouviu-se a melodia do “Noite de Paz”, vinda de vários pontos de nossa base. Em seguida, ouvia-se nitidamente esse hino cantado em francês, nas fileiras do outro lado. Pouco tempo depois, ouvíamos primeiramente vozes tímidas, mas aos poucos se fortalecendo, cantando a versão inglesa “Silent Night, Holy Night”. Os três coros natalinos se uniram em um só coro, elevando aos Céus o anseio único pela paz, pela família e pela pátria. Muitos desses homens não conseguiram evitar as lágrimas. Naquela noite não consegui fechar os olhos, mesmo que não houvesse nenhum sinal de alerta, nem de perto, nem de longe. Ficou claro o anseio pela paz manifestado por aqueles homens postados na frente da batalha.”
A quinta estrofe descreve a promessa de Deus para a preservação do mundo através da Vinda de Jesus. Preservação da condenação eterna através do perdão. Nenhuma religião do mundo pode oferecer o que todos nós necessitamos com tanta premência: libertação da culpa, preservação diante das consequências eternas. É maravilhoso saber que podemos nos livrar dos pecados, não importando quantos e quão pesados sejam!
Noite de paz! Noite santa!
Há muito a nós destinada,
Quando Deus, libertando da ira,
Já no tempo obscuro dos pais,
Prometeu redenção a todo o mundo!
Prometeu redenção a todo o mundo!
Finalmente, a sexta e última estrofe mostra como a mensagem da “Noite Santa” foi primeiramente transmitida pelos anjos aos pastores e então alcançou as pessoas de longe e de perto: “Jesus, o Salvador chegou! Jesus, o Salvador chegou”. Esse cântico de louvor dos anjos foi a partida (a ignição para acionar um motor) para a mensagem “Jesus, o Salvador chegou”. Desde então, ela foi transmitida em milhares de maneiras, entre outras, também através deste hino de Natal “Noite de paz”.
Noite de paz! Noite santa!
Primeiro anunciada aos pastores,
Pelo “aleluia” dos anjos,
Segue em alto som, perto e longe:
Jesus, o Salvador chegou!
Jesus, o Salvador chegou!
Ainda hoje esse hino une as pessoas através do mundo, e expressa aquilo que há no coração de cada pessoa – o profundo anseio pela paz!
Jesus, o Salvador chegou! O Natal não é apenas um sonho para os sonhadores, um conto de fadas para as crianças, mas é a grande realidade proporcionada por Deus. “Quem abre espaço para Jesus no centro de sua vida, que recebe o Natal em seu coração, logo constatará que não precisa renunciar a nada, mas recebe tudo.” (Norbert Lieth — Chamada.com.br)

* O hino foi traduzido fielmente do original em alemão.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

UMA VEZ SALVO, SALVO PRA SEMPRE?

Há algumas semanas, postei um artigo falando sobre o destino eterno de alguém que se matou. Muitos questionaram, mandaram eu estudar a Bíblia e me chamaram de falso profeta. Segue o link se você quer ler o artigo que escrevi:
Preciso admitir que cometi um erro grave, eu inverti a ordem dos artigos. Antes de dizer para onde vai um suicida que seja cristão (e eu sei que muitos acreditam que um cristão jamais se mataria), é importante falar sobre a segurança de salvação, ou sobre sua perda. Imagine que uma pessoa se converta, existe algum pecado ou situação que a faria perder esta salvação? Quero desafiar você a pensar no assunto. Sei que existem dezenas de artigos sobre isso, mas quero tentar ser simples e claro para ajudar você a entender o que a Bíblia diz.
De forma geral, existem três posições quanto à perda de salvação:
POSIÇÃO 1 - NENHUM PECADO ME FAZ PERDER A SALVAÇÃO
Estudiosos da linha reformada e calvinistas optam por esta linha. Eles creem que depois de salvo, não importa o que uma pessoa faça, ela jamais vai perder a salvação. A acusação mais usada contra esta posição é dizer o seguinte: Quer dizer que se eu sou salvo, então eu posso pecar à vontade e nada vai me acontecer?
É exatamente contra este argumento, que Paulo escreve em Romanos 6: "Pois bem, devemos continuar pecando para que Deus mostre cada vez mais sua graça? Claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?" Romanos 6.1-2 (NVI)
Paulo tinha acabado de ensinar sobre a graça, no verso 21 ele diz que, agora, ela reina em nossas vidas e nos declara justos diante de Deus. As pessoas não eram justas por natureza, eram pecadoras, conforme vemos em Romanos 3.10 e 23, mas são declaradas justas, e ganharão a vida eterna.
Antes de falar mais sobre isso, explicarei as outras duas posições.
POSIÇÃO 2 - SE EU DEIXAR DE CRER EM JESUS, EU PERCO A SALVAÇÃO
Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não em de vocês, é uma dádiva de Deus. Efésios 2.8-9
Neste versículo vemos novamente a ideia da graça, e vemos que o meio que ela usa para nos salvar é a fé na obra de Cristo. Todos vão concordar com esta afirmação, todos acreditam que quando cremos em Jesus somos salvos e que isso nos dá a vida eterna. A pergunta é, o que acontece se eu deixar de crer?
É neste ponto que entra a segunda forma de enxergar nossa salvação. Estudiosos da linha Arminiana dirão que, se eu deixar de acreditar em Jesus, eu perco minha salvação. Perceba, eles não estão dizendo que qualquer pecado me faz perder a salvação. 
Mais ou menos como alguém que recebe um presente. Se ele reclamar do presente, se ele quebrar o presente, se ele não usar o presente, nada disso faz com que a pessoa que o deu tenha o direito de vir e tomar o presente de volta, mas se eu devolver o presente, aí sim eu fico sem ele.
A maior dificuldade com esta posição é como explicar textos que mostram Deus fazendo promessas, ou fazendo declarações sobre o que vai acontecer com aqueles que uma vez foram salvos. Vou alistar alguns exemplos:
Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Jo 5.24 (NVI)
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 1 Pe 1.3 (NVI)
Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês,vai completá-la até o dia de Cristo Jesus. Fp 1.6 (NVI)
E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8.30 (NVI)
E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia". Jo 6.39-40 (NVI)
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Jo 10.27-29 (NVI)
POSIÇÃO 3 - QUALQUER PECADO NÃO CONFESSADO ME FAZ PERDER A SALVAÇÃO
Esta, na minha opinião, é a menos fundamentada. Normalmente ela é usada por pastores ou líderes que querem manter suas ovelhas nos seus padrões através do medo.
Para ilustrar, quero te ajudar a pensar em algo. O que Jesus pagou na cruz ao morrer por você? Ele pagou por seus pecados individuais, ou seja, cada pecado tem que ter uma confissão ligada a ele, e assim o perdão vem, ou ele comprou você como um todo, mediante sua fé ele pagou toda a dívida que existe ligada a seu nome pela eternidade?
E DAÍ, PERCO OU NÃO?
Jesus morreu por nós, sem que merecêssemos, pagando um valor completo, não parcial. Quando cremos nele somos comprados por ele, somos dele agora e nada pode nos tirar de suas mãos, ele tem o direito sobre nós, e mesmo nós, não podemos reverter isso.
Vejo isso muito claro em Efésios 1.13-14. Deus colocou o selo do Espírito em nós para dizer que somos dele. Também disse que o Espírito é a garantia de que seríamos resgatados para a eternidade.
A segurança da minha salvação não é um salvo conduto para que eu viva uma vida de pecado, e sim um compromisso de amor para viver por aquele que me salvou. Ela substitui o medo do castigo pela segurança da adoção, muda a motivação pela recompensa por uma baseada na gratidão. Em outras palavras, não vou deixar o pecado pelo medo de ir para o inferno, mas sim pelo amor que tenho pelo meu salvador.  

Não posso terminar sem dizer que nem todo mundo que está em nossas igrejas hoje é verdadeiramente salvo, Jesus mesmo disse sobre o joio no meio do trigo (Mt 13) e sobre pessoas que se diziam cristãs e não eram (Mt 7.21-23), mas meu alvo não era falar destes fakes, mas sim daqueles que são nascidos de Deus.